Nenhum lugar que já visitei me toca tanto como os Himalayas. É para lá que vou quando o calor de Delhi aumenta e preciso de um pouco de silêncio para pensar, longe da vida atribulada na capital.
Ladakh é o que me traz as melhores lembranças e sempre que volto lá, meu coração se enche de paz e alegria. O cenário de montanhas estonteantes, a história da Rota da Seda e do budismo e, principalmente, as pessoas, são o que mais me tocam.
Situada no norte da Índia, entre o Caxemira, o Paquistão e o Tibete, foi um lugar de incríveis confluências culturais e religiosas. Até hoje, cruzamos com inúmeras etnias, desde descendentes uighurs, kashmiris ou tibetanos. Na capital Leh, ainda é possível meditar em um mosteiro budista de quase mil anos, ouvir o muezim cantando as preces na mesquita ou ver as crianças saindo da escola dos missionários cristãos.
A riqueza cultural é incrível para um lugar tão pequeno, onde as caravanas da Rota da Seda cruzavam todos os verões em direção a Kashgar. Ainda se encontram camelos bactrianos no Vale de Nubra, a mais de 4500 metros de altitude! E, se for persistente, conseguirá encontrar em alguma loja de antiguidades alguma turquesa usada por mais de 300 anos para colecionar.
Os monastérios são de uma beleza e silêncio estupendos, os monges super hospitaleiros, sempre convidando-nos a sentar entre eles no "gompa". E me divirto com os monges crianças, que, por serem tão jovens, não conseguem se concentrar durante as preces e ficam sempre me olhando e oferecendo mais "butter tea" do que posso tomar!
As pessoas por lá vivem uma vida ultra simples, não têm acesso a tudo que temos de conforto ou tecnologia, passam um inverno cobertas pela neve, mas são felizes e cheias de contentamento. Sentem-se unidas em suas comunidades e por seus laços religiosos e culturais, vivem em paz e se respeitam mutuamente mesmo sendo diferentes. Esta lição vem sempre de presente na minha mala. Trago o silêncio em mim e as baterias recarregadas, e sempre faço novos amigos. As amizades feitas em lugares assim parecem ter outra qualidade, talvez seja a qualidade do tempo que dedicamos a elas que faça a diferença, pois nos Himalaias o relógio parece que para, o celular não importa tanto, o foco vai para dentro, as conexões certas acontecem.
COMO CHEGAR: De Delhi para Leh, a capital de Ladakh, são apenas 40 minutos de voo. Fique bem quieta nos primeiros dias, a altitude engana a todos, Leh está quase a 3500 metros.
MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR: junho a outubro.
VISITE: Old Town em Leh com visita ao Museu e Palacio. Vale de Nubra, onde ainda vivem camelos bactrianos remanescente da Silk Road, e para chegar lá se passa pela estrada mais alta do mundo: 5600m, o Lago Pangong, há mais de 4500m de altitude na fronteira com o Tibet (hoje China), Mosteiros de Hemis, o mais antigo com sua incrível coleção de antiguidades e curiosidades, Lamayuru com suas cavernas onde os monges meditam, Thiksey, Phyang, Stacna... só estar na estrada apreciando o estonteante visual dos Himalayas já é o melhor programa.
TREKKING: Zanskar Valley
COMO SE LOCOMOVER: Se for aventureira como eu, alugue uma Royal Enfield motor bike e sinta-se livre, mas se preferir conforto, um SUV com motorista...!
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COMA: @namzadining e conheça a gastronomia local interpretada pelo melhor chef com ingredientes orgânicos. Para um super brunch naquele dia que voltou do trekking: Grand Dragon Hotel. Dia livre pelo bazaar, um café com home made apricot cheese cake e não deixe de fazer o Walking Heritage Tour pela Old Town que sai do minúsculo Lala's Art Café.
COMPRAS: para roupas especiais com toques de história, design e têxteis de altíssima qualidade visite @namzacouture. E claro, não deixe de comprar no tradicional Main Bazaar: pashminas, antiguidades, chá Kashmiri kawa e açafrão, muita geleia de damascos orgânicos e traga na mala toneladas de Sea Buckthorn e Rose Hips Oil para sua pele! (colhidos nessa altitude são muito mais antioxidantes!)
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Bon Voyage!
